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Uma ameaça que ninguém fala pode assolar o mundo financeiro em breve

Caro leitor, pode até parecer um título caça cliques mas infelizmente não é.

Hoje quero alertar para algo que poucos de vocês deve ter se antenado mas que pode impactar radicalmente o maior mercado financeiro americano e, por conseguinte, o mercado global.

Trata-se de uma eventual volta da proibição dos buybacks !

[Trump quer proibir os buybacks no meio da crise do coronavirus]

Buybacks? O que é isso? 

Buybacks nada mais é do que o termo em inglês para recompra de ações pela própria empresa emissária.
A recompra de ações, ocorre quando uma empresa compra suas próprias ações em circulação para reduzir o número de ações disponíveis no mercado aberto. As empresas compram de volta ações por uma série de razões, como para aumentar o valor das ações remanescentes disponíveis reduzindo a oferta ou impedindo que outros acionistas assumam uma participação controladora.

E qual o problema nisso?

A primeira vista pode parecer natural a empresa querer investir nela própria e evitar que a concorrência compre participação controladora, a não ser por um pequeno fator. 
As recompras estão sendo utilizadas de maneira abusiva e descarada nos EUA para inflacionar o preço das ações artificialmente no mercado, o que é claro, leva a bônus extremamente elevados aos executivos, CEOs, CFOs, etc. 
Esse esquema está levando a uma pressão política muito grande para que o congresso americano volte a proibir os buybacks, que eram ilegais até 1982 quando a SEC passou a permitir. (Leia: A verdade feia por trás das recompras de ações). 
Para você ter uma noção do tamanho deste abuso, só em 2018 as empresas compraram de volta mais de 1 trilhão de dólares em ações próprias. Só a Apple recomprou mais de 100 bilhões de dólares e com grande apoio do seu mais famoso investidor, Warren Buffet.

E se for proibido novamente?

Um estudo feito semana passada pelo banco Goldman Sacks pintou um cenário muito feio para o mercado caso os buybacks sejam proibidos novamente. Isto por que as recompras movimentam e demandam dezenas de vezes mais do que os investidores e fundos regulares movimentam. Ou seja, nos EUA, os investidores individuais e fundos somam uma porção pequena do mercado comprador, sendo as empresas recomprando suas ações a grande força motriz da bolsa americana (cerca de 42x  mais desde 2010).
Com uma eventual proibição, haveria uma menor demanda por ações, logicamente os preços cairiam drasticamente. Leia o estudo e seus detalhes
O fato é que os executivos das maiores empresas estão se dando muito bem com estas artimanhas ainda legalizadas para garantir seus gordos bônus todo ano e inflar os valuations de forma artificial e não por mais vendas, receita e mais clientes.
Se esta bolha dos buybacks explodir, eles já garantiram o deles, porém nós investidores e os fundos de pensão dos quais milhões de aposentandos nos EUA e no mundo todo dependem serão novamente os mais penalizados pelo bear market que se viria da proibição destes abusos de algo que deveria ser apenas um mecanismo de defesa contra concorrência.
O governo tem um grande incentivo para proibir, já que as empresas provavelmente voltariam a pagar mais dividendos se não pudessem recomprar ações com este dinheiro. Distribuindo dividendos, quem os recebe precisa pagar imposto de renda e isto aumentaria muito a arrecadação de um governo que já deve mais de 20 trilhões de dólares (NRAs pagam 30% de impostos sobre dividendos, mas zero sobre ganho de capial)
Logicamente o partido republicano é contra a proibição em sua maioria mas o democrata é a favor e 10 dos pré candidatos a presidente em 2020, principalmente Bernie Sanders, são a favor de alguma proibição alegando que os americanos menos favorecidos e que não investem no mercado não estão vendo nenhuma melhora em suas vidas com o crescimento econômico atual. 

E você caro leitor, já havia lido sobre isto?


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