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Movimento YOLO, a síndrome do “só mais um” e Como Identificar que o jogo está ganho.

Joana

Cara Joana, já tive o mesmo problema e a mesma síndrome sua, mas com patrimônio em vez de consumo. O meu problema de consumo desapareceu há muito tempo – não tenho a certeza se alguma vez tive problema com isto. Se me dessem 10 mil reais para gastar no que quisesse, sem condições, teria um problema a fazer isso. Simplesmente não saberia o que fazer com ele e acabaria investindo, pois isto me traria mais prazer do que qualquer objeto “comprado”, salvo talvez uma viagem, mas ultimamente viagens não me atraem como antes dada a situação caótica nos aeroportos do mundo todo. Viajar hoje é passar perregue.

Em termos de investimento, queria ter um patrimônio líquido de 500 mil. Assim que chegar a esse valor, queria 750 mil, depois 1 milhão de reais, depois de dólares e assim vai. Isto vemos em muitos blogs aqui da firesfera mesmo, onde a meta é constantemente aumentada por um medo irracional de que vai faltar dinheiro no futuro.

Tem sido assim comigo também desde o início, mas estou lutando para mudar e algo que me ajudou e deixar se seguir noticiários e ignorar um pouco o mundo louco lá fora, que nos faz a acreditar que sempre será pior, mais caro e que tudo está a um passo de acabar. Isto se manifesta para muitos de forma contrária ao movimento FIRE, via o movimento YOLO (Você só vive uma vez – O movimento YOLO, ou “You Only Live Once”, é uma tendência cultural atual, ainda mais forte depois da pandemia que incentiva as pessoas a viverem suas vidas ao máximo agora e perseguir seus sonhos sem medo, tomar riscos e realizar novas experiências como se não houvesse amanhã. A ideia tem um apelo interessante, mas o grande problema é que em 99% das vezes o amanhã sempre chega).

Esta síndrome da busca por mais e mais também pode tomar a forma de carreira, onde as pessoas começam a perseguir escritórios de canto ou porta fechada, títulos, cargos, C-Suite, prêmios de plástico e outros símbolos de status.

O problema surge porque, ao lutarmos por algo, nos habituamos a associar a felicidade ao progresso. A satisfação torna-se dependente de uma mudança dinâmica – por outras palavras, crescimento. Temos sempre de ter “crescimento”. Se isto parar, você sente que sua vida não está progredindo e a depressão se faz presente.

Isto é um tanto ridículo se pensarmos bem. Quando éramos crianças por exemplo, cada ano se fica mais alto. No entanto, em algum momento, naturalmente paramos de crescer em altura e, em vez disso, começamos a amadurecer. Substituímos o tamanho pela maturidade. Substituímos a quantidade pela qualidade. Começamos a consolidar o que temos em vez de alcançar cada vez mais. Isto acontece naturalmente quando o esforço para crescer excede os retornos à medida que os custos de manutenção continuam a crescer. Acontece o mesmo com as árvores, animais e em toda a natureza.

Em conclusão, parece que o ser humano precisa de desafios, Joana. Mas o desafio não precisa ser o mesmo a vida toda. A chave é mudar o jogo ou o desafio a medida que se ganha o jogo anterior. Procurar algo que lhe traga satisfação, motivação e progresso que não seja atrelado a dinheiro. Eu sei, nos dias e no mundo de hoje é praticamente impossível achar algo assim, mas é possível, basta analisar sua vida em detalhes e observar ao longo dos dias o que lhe traga alegria e prazer, que não está necessariamente atrelado a dinheiro ou consumo.

Outra forma de pensar é que, quanto mais você acumula em termos materiais, menos tem em termos temporais. Isto é, transforme o quanto ganha em tempo. Tempo e dinheiro são intercambiáveis. Coloque isto na planilha também. Quantos dias de vida lhe custam para acumular x a mais, que talvez nunca precisará ou não gastará? Veja um artigo sobre isto aqui

Enfim, não saberia como desligar esta chave e encerrar a síndrome do só mais um, pois ainda sofro com ela, mas as dicas acima podem ajudar e fazer seguir para um novo desafio e se dar conta que este jogo já está ganho!

Abcs – AA40

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