Estava conversando com um colega sul africano que me dizia que a Africa do Sul (nosso colega nos BRICS) está seguindo o mesmo caminho que o Zimbábue e Somália seguiram antes de suas economias colapsarem na primeira década do século 21.
Ele me enviou este artigo para corroborar. Lendo o texto me deparei que muito do que o economista Dawie Roodt fala e explica se aplica ao Brasil.
Segundo ele, as etapas que um país passa são, de forma ampla, resumidas em:
- Governo inicia pequeno, provendo serviços básicos;
- Demandas por serviços aumenta, requerendo mais impostos
- Surgem grupos especiais de oposição barulhentos que demandam mais serviços ou menos impostos e preços mais baratos; greves começam; ai é onde as distorções entre receita e gastos inicia ou se amplia (ai vive-se de crise em crise)
- Dívida aumenta muito e o pagamento dos juros demanda cada vez mais recursos; País tenta baixar os juros mas a inflação sobe (eterna gangorra); teto de dívida pública é extinguido.
- Estado começa a demandar mais dinheiro das classes trabalhadora e poupadora (aumento de impostos e taxas); Sociedade, a grande maior já na pobreza, culpa os ricos e os políticos;
- Poupadores e mais ricos começam a mandar seus recursos para o exterior ou eles próprios saem do país;
- Estado começa a controlar o câmbio artificialmente.
- Estado vai a falência, povo na pobreza, começa faltar até o básico. Até acontecer uma revolta civil/guerra/golpe de estado/novo plano econômico, etc e voltamos a etapa 1.
Dawie diz que a partir deste ponto dois caminhos são possíveis: O estado coloca a casa em ordem através de reformas sob o olhar muito próximo de entidades credoras como acontece com a Grécia ou o estado e seus representantes simplesmente se recusam a pagar seus débitos, culpando os fundos e investidores como se estes fossem o real culpado pela ruína da economia e não o governo e seus gastos sem controle.
Geralmente, o governo finge que paga suas dívidas mas na verdade só imprime moeda, o que sim, paga as dívidas mas as custas do povo, já que a hiperinflação é certa, como no Zimbábue que chegou a inimagináveis 231 milhões porcento em 2008.
No Zimbábue todo mundo é bilionário. Em 2015 uma nota de 100 trilhões de ZWD equivaliam a 40 centavos de USD. |
Todos estes cenários vão do ruim ao horrível. Não há saída boa diz Dawie.
Esta lista se aplica ao Brasil?
O cenário acima comentado pelo renomado economista se refere a África do Sul, mas a lista acima pode muito bem ser aplicada ao Brasil, veja:
- Há muito tempo deixamos de ser um estado pequeno. O estado brasileiro cresceu muito nas últimas décadas e hoje é gigantesco com mais de 45 funcionários públicos para cada 1000 habitantes, gastando mais com eles do que EUA e França.
- Demanda por serviços públicos cresce a taxas astronômicas dado que saúde, segurança, e educação são responsabilidades do estado pela constituição, o que, na prática, é paga pelo povo e poucos se dão conta; Não precisa nem comentar sobre a previdência social que consome quase 60% dos recursos.
- Grupos, protestos e greves estão por toda a parte como foi a dos caminhoneiros recentemente;
- Governo novamente teve de arcar com o custo, aumentando a dívida de um país já deficitário na cada das centenas de bilhões de reais anualmente. Poucos sabem que se o governo não registrar superávit a dívida só é rolada e nada é pago.
- Estado já demanda muito do trabalhador e vai demandar ainda mais para pagar todas as obrigações e para girar a máquina gigantesca;
- Poupadores já estão mandando seu dinheiro para fora do país, inclusive nós e muitos grandes bancos e investidores já saíram; Ficam apenas especuladores; Muitos de nós aqui mesmo da blogosfera estão saindo do país como o EP e o Corey.
- Estado (BC) já começou a controlar levemente o câmbio através de venda de dólar futuro das reservas. Quando as reservas acabarem quem sabe eles fixarão a taxa de câmbio como a Argentina fez, o que sabemos que não adianta e só cria/amplia o mercado negro.
Exagero? Leia estas notícias:
- Previdência Social já consome 7 vezes mais que a saúde e pode chegar a 10x em 2025
- Governo não está pagando a dívida pública por que não há superávit
- Dívida pública bate record em maio e já bate 77 90% do PIB
- Sem reformas próximo governo só vai gerir folha de pagamento
- Sem reformas dólar vai disparar novamente
- Dívida dos estados bate novo record
Pois é pessoal, pegamos o “gancho” da reportagem da África do Sul para vermos que estamos praticamente no mesmo caminho deles e que nenhuma saída, se houver, é boa. Haverá muitos problemas e tumulto quando a conta chegar e ela chega. Pode demorar meses ou décadas mas um dia ela vem e ai veremos se seremos a Grécia (com reformas) ou o Zimbábue ou Venezuela (se governo se recusar a reformar)!
De qualquer forma me parece que o nosso plano FIRE estará mais seguro se estivermos menos expostos ao real, que, embora improvável, poderá ser o próximo Bolívar ou ZWD ou terá o mesmo destino do cruzeiro/cruzado. Muitos dizem que o plano real nos deu apenas a falsa sensação que vivíamos ou poderiamos ser um país de primeiro mundo.
Economias totalmente dependentes de commodities e com alto grau de corrupção são altamente instáveis e susceptíveis a graves crises.
E vocês caros leitores, o que estão achando do rumo da nossa economia com o atual nível de gastos e dívida?