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O conceito de “carteira diversificada” aplicado às vacinas da Covid-19

Covid-19
Vocês devem estar acompanhando a crise e a pressão da sociedade e principalmente da mídia sobre os governos em relação a aquisição de vacinas para imunizar suas populações contra a Covid-19.

Podemos perceber claramente que os países que diversificaram e apostaram não apenas em um fornecedor ou laboratório mas sim em vários, são os que lideram o ranking de vacinação mundo afora hoje.

A mesma coisa aconteceu com os investidores que quiseram lucrar com estas empresas. Eles também não sabiam qual sairia na frente e por isso muitos diversificaram apostando em empresas como PFE, MRNA, MRK, AZN, REGN, NVAX, JNJ, GSK além de private equity diretamente para aquelas não listadas.

 

Existe prova maior de que a diversificação é importante? Não apenas nos investimentos mas como em muitas coisas na vida. A própria natureza nos mostra isto diretamente. A diversificação genética garante a perpetuação de espécies e a possibilidade de adaptação a um maior número de mudanças do meio ao redor.

Não vamos muito longe, o próprio vírus da Covid-19. As mutações e variantes que estamos vendo surgirem são exatamente isto, uma forma de diversificação para adaptação e tentativa de sobrevivência as ameaças. Claro que neste caso, em detrimento de nós seres humanos.

 

Diversificação é contrária a otimização

Não podemos negar porém que diversificar é ir na contramão da otimização. Se o governo soubesse que a vacina da Moderna seria a primeira a ficar pronta, fazer um contrato só com ela seria o ótimo possível, o gasto seria muito menor e o resultado o melhor. Mas como alguém saberia? Da mesma forma nos investimentos, se soubéssemos que o Bitcoin valeria hoje 60 mil dólares teríamos comprado apenas ele lá em 2010.

Mas felizmente ninguém consegue prever o futuro. Imagine o caos se alguém conseguisse. 

É por isso que diversificar, apesar de não ser o ideal, funciona. Você não aposta de forma binária, ou tudo ou nada, você participa daquilo que dá certo e também daquilo que não dá certo. Se sua intuição e conhecimento forem o suficiente para participar mais daquilo que dará certo e menos daquilo que não dará certo, você sairá no “lucro”. Pegue um bitcoin. Ninguém sabe se ele será mesmo a moeda do futuro ou será o dólar digital, ou outro, por exemplo. Enquanto ninguém sabe, não vale a pena colocar um pouco de dinheiro neles e participar do que dará certo? Vários não vingarão mas este é o risco e o custo que incorremos em diversificar.

 

Como percebeu, diversificar não significa eliminar riscos mas diminuí-los. Risco sempre existirá. Por exemplo, risco que as boas vacinas da atualidade tenham um efeito colateral ainda não conhecido. Risco sistemático global nos mercados que ninguém previu, risco que o bitcoin seja extinto pela demanda exponencial de energia para rodar a rede ou pelos governos, risco disso, risco daquilo, etc.

 

OBS: Falando em risco, a regra dos 4% tem a mesma eficácia que as vacinas mais renomadas (Pfizer e Moderna), cerca de 95%. Não se vê ninguém considerando estes 5% de riscos da vacina não funcionar, mas se vê muito questionamento em relação a regra dos 4%. Achei que precisava fazer esta observação e este paralelo entre vacina e investimento, já que estamos falando disso.


A abordagem “carteira de investimentos” na escolha de vacinas

Por que os EUA e alguns outros países estão na frente da corrida pela vacina? Este artigo pulicado na CEPI (criadores do Covax Facility) ajuda a entender.

Eles utilizaram na OMS e recomendaram aos governos que fosse utilizado um approach do tipo “portfolio” ou carteira de investimentos para a aquisição de vacinas.

 

A maioria das vacinas candidatas no início do desenvolvimento falham. Esta é a triste realidade. Por isso recomendamos que fosse utilizado o conceito de portfolio de investimentos na aquisição de vacinas. Nosso portfólio é deliberadamente diverso, composto por diferentes tipos de vacinas candidatas – de vacinas de mRNA e DNA a vacinas de proteína recombinante e vetores virais. Isso é crucial porque garante que todas as vacinas candidatas não compartilhem os mesmos riscos de fracasso. À medida que avançamos no processo de desenvolvimento e fabricação da vacina, é impossível prever quais vacinas candidatas ou tecnologias podem falhar em cada estágio. Ao investir em uma ampla gama de tecnologias de vacinas, estamos, portanto, ‘protegendo nossas apostas’ e aumentando nossas chances gerais de sucesso. – Nick Jackson (Chefe do Programa de inovação tecnológica da CEPI) 

 

Pois então meus caros leitores, se assim como grandes investidores e instituições, cientistas e grupos de pesquisa renomados também utilizam o conceito de carteira diversificada para minimizar os riscos e aumentar as chances de sucesso, o que você espera para fazer o mesmo com seus investimentos? 

 
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