A primeira geração FIRE
Somos nós!!! Nós, que descobrimos meio “sem querer querendo” que é possível sair da corrida dos ratos mais cedo e por conta própria, poupando uma boa porcentagem de nossa renda, investindo o máximo possível e colhendo os frutos destes investimentos em 5, 10, 15 ou 20 anos ao invés de trabalhar por mais de 40 anos e depender das incertezas do governo depois.
Nós, que descobriram a regra dos 4% e percebemos que a matemática dela é sólida e podemos sim depender dela para atingir a independência financeira, ponto no qual você poderá escolher se quer para de trabalhar por dinheiro ou não.
Nós, que sempre fomos naturalmente frugais e diferentes da manada e, por isso, nos sentíamos solitários e, muitas vezes, de fora dos círculos sociais tradicionais por ter este comportamento diferente da sociedade consumista atual; isso até encontrarmos uma comunidade ainda pequena mas crescente de pessoas que pensam parecido, criando um oásis no meio de um deserto de consumo.
Enfim, nós, que descobrimos tudo isso meio que por conta própria, sem que ninguém tenha pessoalmente nos inserido neste meio. Nós somos a primeira geração FIRE !
A Segunda geração FIRE
Muitos de nós que descobrimos FIRE, somos ou seremos pais. Nossos filhos são a segunda geração FIRE.
Diariamente temos e/ou teremos inúmeras oportunidades para conversar com nosso(s) filho(s) sobre dinheiro. Dinheiro tem que deixar de ser um tabu já nesta geração; não podemos mais perder tempo. As crianças precisam entender desde cedo qual a importância do dinheiro nas nossas vidas e na sociedade. Dinheiro não é um palavrão!
O dinheiro põe um teto sob nossas cabeças, põe comida na nossa mesa. É preciso, porém, ensinar a elas que nada cai do céu e que dinheiro é um recurso escasso e finito que vem com muito trabalho e seu esforço individual no início, mas ele pode gerar mais dinheiro também.
Como a educação financeira nas escolas do Brasil e do mundo é muito pequena, talvez propositalmente para que muitos não se deem conta que vivem em um sistema, em uma matrix, onde existe uma coisa chamada corrida dos ratos que movimenta todo este sistema, temos que nós pais ensinar, através de exemplos e informação, como ser mais inteligentes que o sistema e fazer ele trabalhar a nosso favor e em favor de nossos filhos e não vice-versa.
FIRE é um mau exemplo para as crianças?
Portanto, FIRE só será um mau exemplo se você for um mau exemplo para seu filho, e isto não é só com FIRE mas em todos os aspectos da vida.
FIRE é muito mais do que sobre dinheiro apenas. Ensinar as crianças a criar estilos de vida onde elas têm opções. Economizando mais dinheiro cedo, evitando empréstimos e dívidas de consumo e aprendendo a investir cedo. Isto por si só vai ensinar as crianças que dinheiro não é um problema, como muitos dizem por ai, mas ter dinheiro é ter liberdade.
Plantar a semente FIRE já cedo
A boa notícia é que no Brasil, ao contrário dos EUA*, os pais podem abrir conta para qualquer menor de idade, basta tirar ter o CPF, que também pode ser feito com qualquer idade. Assim, pode-se abrir uma conta em uma corretora e começar a investir em ações, ETFs ou renda fixa com menos de R$100- Veja mais
Porém, como abordar o assunto finanças com seus filhos varia de acordo com a idade deles. Geralmente uma abordagem que funciona seria:
Idade de 3 a 5
Em nossa cultura atual de “gratificação instantânea”, onde as crianças são bombardeadas com centenas de anúncios por dia, é importante que elas aprendam que primeiro se junta o dinheiro para depois comprar.
👊Na prática: Nesta idade é recomendável dar um daqueles cofrinhos do tipo “porquinho” ou mesmo um pequeno jarro onde elas possam guardar moedas e dinheiro que recebem dos pais e avós. Se a criança desejar muito um brinquedo mais caro, instigá-la a poupar o máximo no seu cofrinho e fazê-la comprar o objeto pessoalmente com seu dinheiro vai ser uma memória que ela levará para o resto da vida.
Alguns que queiram incrementar ainda mais este conceito, recomenda-se três jarros. Um rotulado Poupança, outro Gastos e outro Doações, onde a criança fará algo como uma “alocação dos ativos em cada objetivo”, ensina-se ainda a doar uma pequena porção para quem realmente necessita, e por exemplo, pegar uma cartinha ao papai noel no Natal e fazer a criança comprar algo e entregar a outra criança necessitada. Assim criaremos seres humanos mais “humanos” e menos egoístas.
Idade de 6 a 10
Nessa idade é importante que as crianças aprendam que o dinheiro é finito e que depois de gastar tudo, você não tem mais.
👊Na prática: Envolver a criança nas decisões de compra, como por exemplo no mercado, mostrar para ela a diferença de preços entre o produto de marca e o produto genérico; fazer a criança fazer e levar sua própria lista de mercado com itens que ela “precisa” comprar e fazer com que ela compre apenas o que está na lista. Perguntar para ela durante as compras se ela realmente necessita aquile item. Fazer ela refletir o quanto esforço e tempo levou para juntar aquele dinheiro em seu cofrinho.
Idade de 11 a 13
Hora de começar a ensinar sobre metas. Longo prazo x metas de curto prazo ajudará as crianças a começarem a pensar no futuro e que precisam começar agora para conseguirem o que quer.
👊Na prática: Faça com que seu filho defina uma meta de longo prazo para algo mais caro como uma bicicleta ou video game e ajude-a a fazer os cálculos de quanto tempo economizando será necessário. Comece a introduzir o conceito de custos de oportunidade entre deixar o dinheiro no cofrinho ou investir recebendo juros. Já é idade o suficiente também para explicar o que é juros e as definições básicas de finanças domésticas
Idade de 13 a 18
Hora de começar a falar em faculdade, introduzir prós e contras de estudar em determinada universidade e mesmo identificar habilidades do seu filho para uma futura carreira que ele pretenda seguir e fomentar isto. Mostrar que não necessariamente precisa trabalhar para alguém no futuro e fomentar o empreendedorismo se a criança tiver mostrado alguma aptidão para tal.
👊Na prática: Esta fase é o início da adolescência e pode ser complicado de lidar com seu filho. Porém, financeiramente, é um bom momento para começar a discutir e abrir contas bancárias, explicar e discutir diferenças e características de contas correntes, poupança, renda fixa e bolsa/ações.
Se você tiver aberto uma conta em uma corretora para seu filho para ajudar com uma faculdade por exemplo, é hora de pensar como por isto em prática, calcular quanto faltará/financiará e quanto poderá gastar anualmente.
Idade 18 e acima
Hora de seu filho sair do ninho. Saindo de sua casa ou não, provavelmente ele estará entrando em uma universidade ou iniciando a vida profissional. Suporte e conselhos de como manejar o dinheiro, crédito e investimentos é ainda mais importante nesta etapa onde muitos estarão perdidos.
👊Na prática: Talvez seja hora de seu filho ter um cartão de crédito, ensinar a usá-lo com responsabilidade, ensinar sobre os perigos e armadilhas como cheque especial e pagar o mínimo da fatura mensal.
Quando a vida profissional se inicia, procurar ensinar a importância de poupar e investir uma boa porcentagem de sua receita desde o início e por que quanto mais cedo melhor.
Como etapa final, introduzi-lo a comunidade FIRE e as fantásticas possibilidades que ela abre, mas sempre sem pressão e sem pressa. Tudo a seu tempo.
Conclusões
A aposentadoria antecipada não deve ser uma meta inicial para crianças que ainda não provaram o trabalho duro, mas isso não significa que não podemos introduzir os conceitos da independência financeira desde cedo. Conceitos de IF e FIRE devem sim ser introduzidas quando eles estiverem prestes a inciar carreira ou entrarem na faculdade.
Atingir FI e/ou RE pode lhe dar o tempo necessário para dedicar a seus filhos, a segunda geração FIRE, fazer atividades juntos e guiá-los à vida adulta, através de pequenas ações e exemplos, conforme citamos acima.
Ensinar finanças via exemplo é uma das coisas mais valiosas que poderá fazer para seus pequenos e que impactará a vida deles de verdade, mesmo que eles relutem ou desenhem destas ações em um primeiro momento, principalmente na adolescência, onde eles verão todos ao seu redor com roupas e objetos que eles também desejarão possuir e estes anos não serão nada fáceis para você.
Sabemos que eles só darão valor de verdade a isto quando estarão com nossa idade e com nossa experiência de vida, então paciência, muita paciência !
Mesmo assim, não desista, cada minuto dedicado a educação financeira deles renderá muitos frutos no futuro, tanto para ele(s) quanto para você, criando cidadãos de bem, financeiramente sólidos e independentes para que, tanto você quanto eles, possam usufruir o máximo que a vida possa oferecer.
E você? Tem filhos? Quer fazer deles a segunda geração FIRE? Quais ações que tem tomado? Deixe sua mensagem e dicas abaixo: