Sempre que as pessoas dizem, “o mercado de ações é arriscado” é porque elas, ou alguém que elas conhecem ou ouviram falar, “perderam tudo”, ou muito dinheiro no mercado de ações.
Existem 2 maneiras de perder seu dinheiro investindo no mercado de ações:
- Investir em poucas em ações individuais (empresas) que fracassam; e o preço delas cai drasticamente (Cielo, OGX, etc), performando abaixo do mercado.
- Vender suas ações ou ETFs por medo quando o mercado está em forte baixa (2008 ou 2020)
A primeira maneira de perder dinheiro é devido ao risco inerente de investir em ações individuais, enquanto a segunda tem relação unicamente com a psicologia do investidor devido a “baixa tolerância ao risco”. E precisamos deixar claro aqui, uma coisa é achar que você tem alta tolerância ao risco quando o mercado está em alta e você nunca experimentou uma queda de >50%, outra coisa totalmente diferente é responder isso quando você atravessa um destes momentos de verdade.
Mitigando o risco 1
Se você acompanha o nosso blog ou a comunidade FIRE, você já sabe qual é a resposta para mitigar o risco #1. Diversificar, certo? Sim, mas mais que isto, para mitigar mesmo o risco de performar abaixo do mercado é investir de forma indexada, via ETFs.
Ai entramos na velha discussão do stock picking x indexing.
[Leia: Por que é tão difícil superar o IBOV no longo prazo?]
No curto prazo com certeza terão profissionais, gurus e mesmo investidores normais que vão bater o índice, seja ele o S&P ou o IBOV, mas quem está na jornada FIRE está olhando para o longo prazo – décadas ! Então podemos dizer que a probabilidade de você e eu, meros investidores amadores (e mesmo profissionais), batermos o índice é:
- No período de 1 ano —- boas chances
- No período de 5 anos —– ficou mais difícil, mas ainda possível com alguma sorte
- No período de 10 anos—- você é bom nisso hein! Muito difícil e dá muito trabalho
- No período de 40 anos—- Buffett? É você? Extremamente improvável !
Raríssimos são os investidores que conseguem bater o mercado por décadas, tanto que estes chegam a se tornar famosos (já ouviu falar em Warren Buffett? Luiz Barsi?). No longo prazo é mais importante não performar abaixo do mercado. Por quê? A resposta é a mesma do por que você quer investir em fundos com as mais baixas taxas de administração ! Custo de oportunidade. Cada ponto percentual que você deixa de ganhar, em 30 anos e com o efeito dos juros compostos em cima, se tornam milhões de reais a menos na sua conta.
Além de tudo o que falamos acima, há uma coisa que poucos se dão conta mas que fazem dos ETFs ferramentas extremamente úteis para, de certa forma, fazer stock picking. A cada 3 meses em média, os índices são rebalanceados, na maioria das vezes pelo valor de mercado dos ativos e alguns indicadores de qualidade. Os índices como o IBOV, S&P500, Russel3000, etc são índices cap-weighted, ou seja, possuem maior percentual investidos nas empresas de maior valor de mercado e geralmente na composição destes índices existe um ponto de corte.
Quando uma empresa começa a declinar e cai abaixo deste ponto de corte, ela é eliminada do índice e dos ETFs que o seguem, portanto, ele é auto-limpante. Pense na General Electric, o último membro original do Dow Jones, foi retirada do índice blue-chip em 2018 e agora nenhuma empresa que estava no índice original ainda está presente hoje em dia.
Da mesma forma uma pequena empresa que cresce e passa a se tornar uma gigante em valor de mercado (pense na Tesla, na Amazon), passa a ser incluído no índice, e consequentemente na sua carteira de forma automática.
Mas existem diferenças entre os índices. Um índice de mercado total e seus ETFs como o VTI /ITOT passam a conter uma Tesla muito antes do S&P500 por exemplo, “colhendo” toda a alta da empresa. O mesmo é válido quando a empresa vai declinando; estes índices totais mantém elas por mais tempo, embora com percentual cada vez menor.
Outro grande mitigador de risco é pensar que um índice nunca irá a zero devido a metodologia acima. Já uma ação individual pode sim levar todo seu dinheiro, então, se você é avesso a risco, já conseguiu ter uma ideia do que é melhor.
Mitigando o risco 2
Quando o crash vier, você precisa ter certeza absoluta de que você está preparado para fazer só uma coisa: NADA!
Veja que dissemos quando, não “Se”, pois crashes sempre acontecerão e as vezes serão grandes, e sempre muito dolorosos.
Se você está na fase de Acumulação de patrimônio e está aumentando agressivamente seus investimentos em ações com sua renda do trabalho, uma queda brusca do mercado deve ser vista como uma bênção. Seus reais (ou dólares) compram mais papéis daquele ETF a preços mais baixos.
Se você está no Estágio de Preservação de capital e já vivendo de seus investimentos, sua alocação em títulos de renda fixa serve para suavizar esta jornada. Durante a alta do mercado, conforme sua alocação em renda variável aumentar, você deve reequilibrar esta sua alocação vendendo ETFs (ou ações se você ignorou o #1) a preços altos para aumentar sua porcentagem em renda fixa. Quando as ações despencam, é a hora de fazer o contrário; a renda fixa será o capital para comprar renda variável agora mais baratas, à medida que balanceie sua carteira novamente.
Agora é a hora de garantir que sua alocação de ativos seja tal que você possa tolerar a tempestade que sempre está a espreita no horizonte. Se você esperar até que a tempestade chegue, será tarde demais. Reveja e, se sentir necessidade, ajuste agora enquanto o mar está calmo ainda.
Vender não é uma opção. Se você tem alguma dúvida sobre sua capacidade de fazer isso, não invista! Quem sabe WARM seja para você? Leia.