Após praticamente todos os bancos e corretoras zerarem as taxas para tesouro direto, agora a guerra de preços está acontecendo nas taxas de administração dos fundos de renda fixa. Isso se acirrou ainda mais com a chegada do primeiro ETF de renda fixa do Brasil – o ETF01L1.
Ainda temos poucos ETFs em geral no Brasil e até a pouco não tínhamos nenhum ETF de Renda Fixa, apenas ETFs de renda variável como o PIBB11, o BOVA11 e o IVVB11.
Dois novos ETFs estão entrando no mercado e trazendo renda fixa finalmente !
O ETF de Juros Futuros
O primeiro e que já está sendo negociado desde semana passada (algumas corretoras) é o FIXA-ETF01L1 da Mirae Asset lançado em 20 de setembro de 2018.
Segundo o prospecto do fundo, ele seguirá o índice “S&P/BM&F Índice de Futuros de Taxa de Juros – DI 3 anos ER” de código SPBDI1FP e cobra taxa de administração de apenas 0,30% a.a.
O ETF do Tesouro Direto
O outro ETF de renda fixa muito aguardado será lançado em 2019 pelo próprio Tesouro Nacional e será gerido pelo Itaú Asset (veja mais). Ele deverá cobrar taxa de administração de 0,25%aa e terá como base o IMA-B, ou seja, uma carteira de títulos do TD IPCA+, atrelados a inflação. Como mencionado, ele cobrará taxa de administração inferior ao da B3 e permitirá exposição a vários títulos com vencimentos diferentes mas o investidor não precisará esperar o vencimento deles para vender/comprar.
O que isto significa para o investidor de renda Fixa?
- Custos mais baixos: Pelos custos já anunciados, estes produtos oferecerão taxas até abaixo da cobrada pela B3 para o tesouro direto, o que para o investidor é excelente. Taxas abaixo de 0,30%aa são comparáveis as cobradas em países desenvolvidos. Quem investe hoje em fundos DI paga na casa de 1% aa ou até absurdos 4%aa em alguns fundos de bancos grandes.
- Acesso: O ETF de DI foi lançado a um preço de R$ 10 por cota e ontem (27/9) fechou em R$ 10,13. Isto quer dizer que qualquer pessoa pode investir neles com um valor baixo já que a B3 eliminou a exigência de lote mínimo para ele.
- Diversificação: Esta é a principal vantagem do ETF, colocar vários ativos na mão do investidor sem que este precise pagar por cada um separadamente. O investidor poderá vender e comprar quando quiser sem ter que vender ou comprar cada ativo.
- Tributação vantajosa: Outra grande vantagem destes ETFs é a tributação mais vantajosa quando comparado com a compra de fundos DI ou tesouro direto já que o IR será de 15% (uma vez que o prazo médio dos ativos em carteira será superior a 2 anos) e o melhor, sem o come-cotas semestrais – você só paga no resgate !
Embora pareça não haver desvantagens em investir via estes ETF, você precisa pensar que, especialmente o ETF01L1 concentra praticamente toda sua exposição na curva de juros futuros mais curta, ou seja, ele não provém muita diversificação no longo prazo. O ETF do Tesouro Direto já cobrirá essa lacuna muito provavelmente.
A segunda desvantagem é que, apesar de ser chamado de renda fixa, na verdade este fundo tem características de renda variável. É um fundo cotado a mercado com preço flutuante e possibilidade de ter perdas caso precisar vender e a cotação dele esteja abaixo do preço de compra, já que ele não possui uma data de vencimento, diferentemente de um TD IPCA+ ou Tesouro Selic e prefixado onde se você esperar o vencimento você recebe exatamente o pactuado.
O FIXA-ETF01L1 seguirá o índice SPBDI1FP conforme falamos. Se acessarmos a página do índice na S&P, veremos que ele tem tido um desempenho muito bom com retorno anualizado acima de 13%aa nos últimos 10 anos, superando o CDI (veja a figura abaixo). Resta saber o quão aproximado este fundo conseguirá replicar o índice, porém existe uma cláusula que a gestora deverá chamar uma assembléia de acionistas caso o erro de aderência ao índice for superior a 1% em 60 pregões.
Fonte: Site do spindices |
E o investidor comum ?
O ideal é utilizar estes novos instrumentos que são muito bem-vindos no Brasil como se fossem mais uma forma barata de investir em renda fixa, mas sempre tomando muito cuidado para ler e entender o prospecto do fundo para saber em que ele está investindo visando não concentrar demais em ativos que já tenha em carteira ou então investir muito no curto prazo em detrimento do longo prazo (lembre-se dos 3 pilares). Não se assuste também se tiver prejuízos com este fundos pois como falamos não é renda fixa convencional que o investidor está acostumado e há sim oscilações ao longo do pregão e no curto prazo, além de não contar com a cobertura do FGC.
Sem dúvida estes novos ETFs vão mudar bastante a maneira como o investidor brasileiro compra renda fixa e quiça o mais importante acontecerá, fará com que as taxas de administração dos fundos DI/Renda Fixa caiam muito, assim como foi com as taxas do tesouro direto. Estes novos ETFs deverão atrair mais clientes para a B3 e corretoras.
Novos e melhores tempos para o investidor brasileiro se avizinham ! Quem sabe o primeiro ETF de Fundos de Investimentos Imobiliários – FIIs venha ai pagando dividendos mensalmente- o que seria espetacular para o FIREe!
Comente abaixo se você pretende investir nestes ETFs: