Costuma-se citar os EUA como o país onde a maioria das pessoas investe em bolsa de valores, mas não é bem assim. Enquanto isto é verdade, cerca de 55% das famílias americanas investem no mercado, a grande maioria nem sabe que o faz. Eles investem usando o famoso 401(k), espécie de previdência particular, onde uma parte do salário é descontada antes da retenção do imposto de renda e direcionada para uma conta aposentadoria com benefícios tributários mas intocável (sem multa) antes dos 59,5 anos de idade. Muitos tem estas contas e nem sabem que assim investem no mercado, enquanto outras pesquisas indicam que somente 5 a 10% das famílias investem diretamente e conscientemente no mercado de ações por meio de corretoras, por exemplo.
Vemos também no gráfico abaixo que as novas gerações, ao contrário de seus pais, estão participando bem menos do mercado financeiro, especialmente após as perdas monstruosas da crise de 2008.
Porém, esta riqueza da geração mais velha está sendo consumida pelos agora aposentados baby boomers. Contudo, menos do que se pensava, segundo uma pesquisa muito interessante foi publicada na Bloomberg esta semana, que aponta que nem toda essa riqueza será gasta e muitos da nova geração herdarão uma boa porção dela.
Há um certo consenso no mundo do planejamento financeiro que dita que você deve gastar todos os seus ativos na aposentadoria. Existe até uma piada nos EUA que diz que “o cheque pago para a funerária para seu enterro deve ser sem fundos”.
Apenas 14,1% dos entrevistados pretendem gastar todos os seus ativos. Se você somar as três colunas mais à esquerda, 57% planejam aumentar seus ativos na aposentadoria, deixá-los intocados ou gastar apenas um pouco. A pesquisa do EBRI, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos, foi realizada em setembro e cobriu 2.000 americanos com idades entre 62 e 75 anos, 97% dos quais eram aposentados. Isto contraria a crença popular e deixa as funerárias mais tranquilas em relação aos cheques !
O segundo gráfico se concentra nas pessoas que disseram que não planejam gastar seus ativos na aposentadoria. Eles foram questionados por que não, e várias respostas foram permitidas. Três das respostas são maneiras diferentes de dizer a mesma coisa: “economizar para custos imprevistos”, “medo de ficar sem dinheiro” e “uma vez que os ativos gastos, não podem ser recuperados”.
A resposta mais intrigante neste segundo gráfico é “me faz sentir melhor“. Na teoria econômica e financeira padrão, poupar para se sentir bem não faz sentido porque o único propósito do dinheiro é pagar pelas coisas. Você deve se sentir melhor quando gasta, não quando se abstém de gastar. É claro que muitos aposentados encontram satisfação no próprio ato de poupar. Mas por quê?
Várias pesquisas em psicologia mostram que as pessoas não gostam da sensação de perder dinheiro. Certamente seus herdeiros vão se beneficiar algum dia de sua frugalidade desnecessária. Outra perspectiva, porém, é um problema. A frugalidade desnecessária pode ser uma evidência de medo. Isso fica claro no segundo gráfico, onde “poupar por custos imprevistos” é a escolha nº 1. Quando aposentados dizem que economizar o máximo que podem os faz sentir-se felizes é que na realidade eles estão escondendo um medo grande de precisar de tratamentos médicos caros, cuidados de longo prazo ou ainda precisar pagar cuidadores no final de suas vidas.
A grande maioria não poupou o suficiente: Apenas 18% dos entrevistados relataram que economizaram mais do que o necessário, enquanto quase metade (46%) relatou ter economizado menos do que precisavam na aposentadoria tradicional.
O que você pretende fazer?
Parciais
pretendo também ficar / deixar o dinheiro para geração futura, afinal essa estória de que não levamos nada pode até ser verdadeira, mas que podemos deixar e facilitar a vida dos outros, essa é bem verdadeira também…
Olá, AA40.
Se a gente soubesse quando iria morrer até que dava para estipular uma quantidade, mas como não sabemos é complicado. O problema é calcular errado e viver mais do planejado. É melhor deixar do que faltar.
Abraços!
Fala AA40! Tá nas ativas agora? kkkk… Concordo com o Cowboy, a gente nunca sabe o dia de amanhã. Temos que fazer o melhor que temos, equilibrar a frugalidade com a vontade de torrar tudo. Um abraço!
Concordo plenamente com o Cowboy.
Como não sabemos como vamos morrer, como calcular corretamente?
Na dúvida, prefiro acumular patrimônio e deixar pra minha filha e meus descendentes.
Parabéns pelo post pouca gente para pra pensar nisso.
Grande abraço AA40, mais um grande post.
Stark.
http://www.acumuladorcompulsivo.com
Querendo ou não a pessoa que é responsável financeiramente sempre acaba deixando dinheiro na "mesa" pq dificilmente tem como saber quando partiremos dessa para uma melhor, a não ser que vc tenha o azar de desenvolver um câncer normalmente acontece de maneira inesperada. E como a gente não sabe por mais quanto tempo teremos que bancar as contas do dia a dia acabamos sempre guardando mais que o efetivamente necessário. Se bem que pelo menos aqueles que tem morrido ao meu redor não deixaram nada alem de dividas pra os parentes herdarem.
Se morrer com 1 milhão na conta morro feliz se eu morrer faltando 1 real para uma uma coisa básica morreria infeliz. Acredito que o conforto psicológico vale muito depois que comecei a investir tenho menos stress sei que cedo ou tarde os rendimentos vão vir e salvar o mês..
Devo ser um dos poucos que não quero deixar nada, mas o problema é como fazer isso se tu nunca sabe quando será a hora H. Já pensei em aumentar a TSR conforme for chegando as décadas, tipo 4% até os 70, depois 5% até os 75%, 6% dos 75 aos 80, depois dos 80 aos 90, 1% por ano? O que acham?
Olá AA40, boa tarde
Muito bom o seu post, acredito que essa tendência também ocorra no Brasil (claro com um percentual menor de pessoas).
Gosto de pensar como o Viagem Lenta e a taxa TNRP, mas pretendo deixar alguma "gordura financeira" para eventualidades.
Abraços
DISCUSSÃO INTERESSANTE APOSENT.AOS40
PARABÉNS PELO TEXTO
ABRAÇO
Bem legal a discussão, participei dessa votação e coloquei que não queria aumentar e sim ir gastando aos poucos, mas tb não queria gastar tudo, não por querer deixar pra herdeiro, mas sim por medo de ficar sem dinheiro, vai que a gente calcula que vai morrer aos 90 e morre com 110? 20 a mais na velhice é muita coisa!
Abçs
Acho que o maior desafio é encontrar o meio-termo entre:
1) não gastar tão pouco que te prive de algo que você goste muito de fazer, pois no fundo dinheiro foi feito pra gastar e você só tem uma vida
2) não gastar mais do que possui de forma que fique com problemas de endividamento, pois o dinheiro e o tolo se separam bem rápido
E entre deixar uma boa herança para seus filhos ou uma grande dívida eu digo sem pensar 2 vezes que a primeira opção é disparada a melhor
Um dos maiores problemas que encontrei quando decidir me aposentar cedo foi – por incrível que pareca – emocional. Cria uma "paranoia" com o orçamento e o ROI… e ainda tem todo o problema com o risco da sequência de retorno.
Não acredito que seja medo do patrimonio acabar, o problema é a quantidade de incogitadas que o modelo tradicional de aposentadoria exige.
É muita coisa fora do meu controle. Acabei criando um modelo de aposentadoria diferente do tradicional, que utilizo hoje e resolve esse sentimento de escassez. (desculpa o ‘suspense’, mas é porque vou falar disso em meu livro).