Os juros continuam subindo no Brasil e em vários países. Nos EUA é grande a expectativa pelo início do ciclo de aumento dos juros pelo FED e os impactos que isto terá na renda fixa e variável local e global. Acontece que os juros correntes praticados pelo mercado já aumentaram.
Em inícios de ciclos de mercado como este é comum ouvirmos para abandonar a renda fixa, pois com os juros aumentando, o preço dos títulos já emitidos que possuímos vai cair muito.
Porém, um investidor FIRE de longo prazo precisa olhar de forma diferente este cenário. Além disso, a renda fixa proporciona a correlação e diversificação necessária para nossas carteiras. Veja por que neste nosso post:
O que diz uma das maiores gestoras de fundos do mundo
Vanguard: O yield do tesouro americano de 10 anos aumentou mais de 100 pontos base (1 ponto percentual) de agosto de 2020 até o final de março de 2021. As taxas de juros também subiram ao redor do mundo, incluindo aqueles emitidos pelo Reino Unido, Austrália e Brasil. Os preços dos títulos públicos caem com o aumento dos juros, e vice-versa; quando isto acontece os investidores começam a falar em vender renda fixa.
Os investidores em títulos devem segurar, não vender
Durante os ciclos de mercado, é particularmente importante ter em mente o papel que os títulos de renda fixa desempenham em uma carteira de investimentos diversificada – ser um amortecedor nos momentos em que os preços das ações caem.
Uma pesquisa da Vanguard descobriu que, quando as ações em todo o mundo despencaram em média cerca de 34% durante a crise financeira global, o mercado de títulos de renda fixa com grau de investimento retornou mais de 8%. Da mesma forma, de janeiro a março de 2020 – o período que abrange o auge da volatilidade em ações devido à pandemia de COVID-19 – os títulos de renda fixa em todo o mundo retornaram pouco mais de 1%, enquanto as ações caíram quase 16%, em média. E se olharmos para os mercados ao longo de vários ciclos de mercado completos, de janeiro de 1988 a novembro de 2020, sempre que os retornos mensais das ações caíram, os retornos mensais dos títulos públicos permaneceram positivos em cerca de 71% do tempo (EUA).
Esses retornos não correlacionados demonstram os benefícios de diversificação que uma carteira equilibrada de ações e títulos oferece aos investidores.
Em suma, não deixe que as mudanças nas taxas de juros conduzam a uma mudança estratégica na alocação de seus títulos. Mitos e equívocos sobre o investimento em títulos de renda fixa surgem forte durante os períodos de aumento das taxas de juros, muitas vezes acompanhados de sugestões de mudanças drásticas em seu portfólio. Aqui estão três mitos comuns que os investidores devem evitar:
Mito nº 1: Títulos públicos e renda fixa são uma péssima ideia – abandone o portfólio 60/40.
Essa recomendação freqüentemente ouvida contradiz a importância primordial de manter uma alocação equilibrada que se adapte aos seus objetivos de investimento, além disso, pode ser tarde demais para obter qualquer benefício de uma mudança tática na alocação de seus ativos. Vender títulos após o recente aumento nas taxas, que derrubou os preços e os retornos totais, é simplesmente perseguir o desempenho passado. Os investidores devem olhar para o futuro: com os atuais rendimentos mais elevados, a perspectiva para os títulos é realmente melhor do que antes de os rendimentos subirem. Lembre-se de que o lado positivo de rendimentos mais elevados – maior receita em juros – está chegando. Além disso, as chances de perdas de capital futuras diminuem à medida que os rendimentos aumentam. Portanto, agora não é o momento de abandonar as alocações de títulos. Pelo contrário, quanto mais os rendimentos (yield) dos títulos aumentarem (e os preços cairem), mais importante é para os investidores de longo prazo manter uma alocação estratégica neles o que poderia exigir um rebalanceamento em títulos, e não o contrário.
Mito 2: Fique em cash – evite o risco de duração dos títulos.
O aumento das taxas afeta geralmente com mais força os títulos de longo prazo. Mas a recomendação para evitar o risco de duração (prazo até o vencimento, quanto maior mais afetado seus preços são com aumento dos juros) ou taxa de juros é dada em retrospectiva e provavelmente chega tarde demais. Novamente, mude sua mentalidade para uma visão prospectiva do mercado de juros. O consenso do mercado é que as taxas vão subir então os preços das emissões de curto, médio e longo prazos já refletem essa crença. Os preços de mercado atuais para títulos de longo prazo já levam em consideração as expectativas dos investidores quanto ao aumento das taxas, razão pela qual os preços estão mais baratos. Se essa visão consensual fosse cumprida, não haveria vantagem em mudar para títulos de prazo mais curto ou ir para o dinheiro. Esses movimentos só teriam retorno se os rendimentos de longo prazo aumentassem mais do que o esperado. No entanto, é igualmente provável que os rendimentos aumentem menos do que o esperado, caso em que os títulos de longo prazo teriam um desempenho melhor.
Mito nº 3: Quando as taxas de juros estão subindo, não fique parado – faça alguma coisa!
O fato de as taxas estarem subindo não é mais novidade nem nos EUA nem no Brasil. Embora os rendimentos (taxa de juro) realmente pareçam ter tendência a subir, eles podem fazê-lo mais ou menos do que o consenso do mercado. Controle o que puder: com uma chance de 50-50 de as taxas subirem mais ou menos do que o consenso, uma abordagem melhor do que tentar escolher quais segmentos de mercado se sairão melhor no curto prazo é permanecer bem diversificado no longo prazo ao longo de todo o espectro de vencimento e entre classes de ativos.
Mantenha seus olhos na estrada à frente
É um bom conselho tanto para dirigir quanto para investir. A Vanguard recomenda que os investidores mantenham o foco nas expectativas de retorno futuras de longo prazo, não no desempenho recente dos mesmos.
Deixe que seus objetivos de investimento moldem as decisões sobre a alocação estratégica de ativos. Calibre a compensação risco-retorno em seu portfólio de acordo, incluindo a definição da combinação certa de títulos e ações para atender a esses objetivos. E geralmente ignore os conselhos de timing de mercado, que se baseiam principalmente em informações de consenso público que já foram precificadas pelos mercados.
Mesmo que as taxas continuem subindo, os retornos totais de longo prazo para carteiras de títulos amplamente diversificadas provavelmente permanecerão positivos. Esse seria o resultado natural de reinvestir os dividendos dos títulos com rendimentos mais elevados, um processo que é facilmente gerenciado via ETFs ou Fundos.
O elefante na sala – inflação
A inflação costuma ser vista como inimiga do investidor. A pesquisa da Vanguard sugere que a proteção significativa da inflação por meio de títulos indexados à inflação requer grandes posições, o que poderia reduzir os outros benefícios de diversificação de uma alocação de títulos em uma carteira. Em horizontes de longo prazo, as ações historicamente têm fornecido a proteção mais forte contra a inflação.
Onde a gestão ativa pode se sobressair
Um ambiente de taxas crescentes também acentua o que gestores ativos qualificados podem trazer para uma carteira de títulos. Quando os rendimentos estão caindo, os gestores de fundos com desempenho superior acumulam seus retornos excedentes sobre os preços geralmente crescentes do mercado. Mas, em meio aos ventos contrários do aumento das taxas e das quedas de preços prevalecentes, gestores de fundos ativos bem-sucedidos podem fazer a diferença entre retornos totais positivos e negativos.
Fonte: Adaptado de Vanguard – Juros subindo, não ignore os benefícios da renda fixa
Acho que a pior coisa é ficar girando o patrimônio, mudando o dinheiro de lugar a cada notícia dessas. Quem investir diversificadamente em ações, FII e renda fixa, mantendo os aportes por longos anos, tende a ficar bem em qualquer cenário.
Boa noite AA40! Concordo 100% com você! Infelizmente é normal ouvir dos meus amigos investidores, especialmente dos com grande parcela em RV, que a função da RF é apenas agir como reserva de emergência, oportunidade ou para gastos em curto prazo. Temos hoje diversos ativos de RF com lucratividades elevadas e com ótimo risco retorno! Ao meu ver essa questão da marcação a mercado dos TD dão uma idéia errada para os títulos…Quem pretende carregar os títulos até o vencimento terão os preços e rentabilidades originais respeitadas! Tem que se concentrar nisso…Além disso, com um TD IPCA+ semestral é possivel comprar ativos de longo prazo (exemplo 2045) com garantia de saques constantes e com elevada rentabilidade…Uma preparação para o período FIRE…
Obviamente não é pra ter 100% em RF…o ideal é ter uma carteira balanceada com RV, Exterior e FIIs também (e se quiser criptomoedas e outros), mas a RF tem sim lugar na carteira e não só como atenuador de volatilidade da carteira…também podem contribuir para a lucratividade dela!
Esses períodos de altos cupons no TD são os períodos de montar a carteira TD de longo prazo e ficar décadas recebendo a lucratividade!
Grande abraço!
VVI – vvibr.blogspot.com
Com certeza o método WARM para mim é bem mais seguro e vou utilizá-lo
Com relaçao a Mito #2, nao obstante eh imprescindivel ter o duration dos fundos ou ETFs alinhado com o seu holding period [periodo de manter o fundo].
Por isso, recentemente efetuei a troca do BND [Vanguard Medium-Term Bond ETF] para o BSV [Vanguard Short-Term Bond ETF] na carteira americana.
Reflete a minha preferencia de receber, na parte RF la fora, menos yield em troca de menos potencial de perda de capital.
Se me permite a pergunta, qual é a parcela de renda fixa em sua carteira, AA40?
Claro Anon, nunca escondi minhas alocações e sempre respondo quando me perguntam.
No Brasil 60% RF, nos EUA 40%. Abcs
Então 60% em renda fixa no Brasil e 40% de renda fixa (bonds?) nos EUA?
Num post antigo você havia dito que sua máxima exposição a RV é de 25%.
Atualmente você está em qual percentual em RV?
Esse (relativamente) baixo percentual em RV seria puramente uma estratégia de preservação de patrimônio em razão de você já ter conseguido o suficiente para atingir seus objetivos financeiros ou algum outro motivo?
Agradeço a atenção!
Naquela época acho que era 25% mesmo mas acabei aumentando para 35% na época dos juros baixos e acabou indo para 40% com a alta da bolsa brasileira atualmente e ainda nao rebalanceei.
Por ser Brasil não acho 40% baixo não, mas como falou, sim tem a ver com a estratégia pois estou a praticamente 2 anos de declarar FIRE então não posso correr tanto risco mais. Além disso a Renda Fixa está novamente muito atraente no Brasil então pretendo rebalancear para 70RF/30RV no BR e manter os tradicionais 60RV/40RF nos EUA. Abcs