Um ótimo livro recém analisado pelo pessoal do ChooseFI é o Dollars and Sense. Gostaria de trazer um pouco deste conceito muito comum nos EUA que é o “pain of Paying” ou a “dor de pagar” e como a percepção de valor do seu dinheiro muda conforme o método de pagamento utilizado.
Já foi demostrado em várias pesquisas que as pessoas sentem mais dor quando perdem 100 reais do que sentem alegria ao ganhar a mesma quantia. Em outras palavras, a dor da perda machuca mais, embora as duas quantias sejam idênticas.
A dor de pagar é um fenômeno psicológico conhecido há muito tempo e que se refere às emoções negativas que as pessoas experimentam quando precisam abrir mão de algo de valor, como dinheiro, tempo ou esforço pessoal. Essa dor pode ser causada por vários fatores, incluindo o valor percebido da coisa que está sendo doada, comprada ou o imediatismo da perda e a justiça percebida na transação.
Exemplos da dor de pagar
Existem muitos exemplos da dor de pagar na vida cotidiana. Por exemplo, é mais comum é quando as pessoas desistem de uma compra se tiverem que pagar em dinheiro mas a faz se puderem usar um cartão de crédito. Isso ocorre porque o dinheiro é uma forma de pagamento mais tangível e as pessoas estão mais cientes da perda quando precisam entregar dinheiro físico.
Outro exemplo concreto da dor de pagar, ou no caso “indolor”, é o fato de que as pessoas tendem a gastar mais quando usam cartões de crédito. Isso ocorre porque os cartões de crédito facilitam o gasto de dinheiro sem precisar sentir a dor de pagar imediatamente. Como resultado, é mais provável que as pessoas comprem coisas de que não precisam quando usam cartões de crédito ou PIX.
Fatores que influenciam a dor de pagar
A dor de pagar pode ser influenciada por vários fatores, incluindo:
- O valor percebido da coisa que que desistiu de comprar. As pessoas são mais propensas a sentir dor quando precisam desistir de algo que valorizam muito.
- O imediatismo da perda. As pessoas são mais propensas a sentir dor quando precisam desistir de algo imediatamente.
- A justiça percebida da transação. As pessoas são mais propensas a sentir dor quando acreditam que estão sendo tratadas injustamente.
Tirar proveito deste fenômeno psicológico para gastar menos: Para economizar dinheiro, você pode usar um sistema de orçamento somente em dinheiro. Se você está gastando demais em cartões de crédito ou PIX, sentir a ‘dor de pagar’ em dinheiro pode ajudá-lo a colocar seu orçamento nos trilhos. Se você tiver que colocar o dinheiro físico na carteira, ficará mais ciente do quanto está gastando.
A dor de pagar é um fenômeno real que pode ter um impacto significativo nos hábitos de consumo das pessoas. Ao entender os fatores que influenciam o incômodo de pagar, as pessoas podem tomar medidas para reduzi-lo e tomar decisões financeiras mais informadas.
O livro ainda trás outros importantes assuntos que tem muito a ver com FIRE, como por exemplo o Viés presente: Tendemos a valorizar recompensas imediatas mais do que recompensas que demoram mais. Os autores exploram estratégias práticas para superar nossos preconceitos e tomar decisões financeiras mais racionais.
Leia mais sobre o tema aqui, neste ótimo artigo da BBC
Vi uma live essa semana sobre isso, em relação a dificuldade que temos de vender no prejuízo, é bem difícil superar isso, eu tenho essa dificuldade, as vezes fico segurando alguns investimentos ruins muito tempo esperando que retorne pra pelo menos sair no zero a zero… é difícil. Abraços
Sim BZ, é bem difícil lidar com esta psicologia, mas com o tempo melhora. Ainda mais se você se der conta que escolher empresas não é o melhor jeito de investir, mas sim indexar. Ai vc não se preocupa mais em tomar estas decisões difícil que geralmente só trazem prejuizo. Abcs
Muito obrigado pela dica de livro , pois tenho notado no meu negócio as pessoas sendo mais generosas pagando via pix do que quando pagam com dinheiro em espécie .
Porque eu não vejo problema em aprender a psicologia de compras para fazer o cliente gastar mais no nosso negócio , desde que seja um serviço de qualidade com preço justo .
https://blogderasratel.blogspot.com/
Sim Ras. Podemos usar isso ao nosso favor, com certeza. Quem está do outro lado do balcão muitas vezes sabe disso e oferece as maneiras mais convenientes de pagamento para fazer justamente isso.
Se este livro te interessou, existe um ainda melhor com todas as dicas e truques psicológicos para aumentar seus lucros: Chama-se “The ultimate sales machine de Chet Holmes” e outro muito bom tbm é “Influence: Science and Practice, de R. Cialdini”
Abcs
AA40
Boa noite AA40! Tb tinha visto esse episódio do podcast do ChoseFI. Eu concordo que esse método funcione, mas por outro lado acho um pouco traumático você gerar “dor” nos pagamentos para tentar minimiza-los. Acho arriscado você se traumatizar e acabar perdendo o gosto pelo consumo que também é algo importante. Ao meu ver é similar a querer tratar problemas psicológicos com eletrochoque…pode funcionar mas pode gerar um problema maior que o problema inicial…Grande abraço!
Interessante seu ponto de vista VVI. Talvez eu já sofra disto então, por que não tenho gosto nenhum pelo consumo. Meu “gosto” ou prazer é ver o saldo investido aumentando todo mês…mas é um ponto interessante. Agora na Firesfera americana eles tão falando muito do Impacto do livro “Die with Zero” e curtir um pouco a vida, como não “miseriar” ou se privar tanto no seu caminho FIRE. Eu acho essa discussão salutar, mas quem está iniciando precisa, por bem ou por mal, no meu ponto de vida, cortar o mal do consumo excessivo pela raiz para poder sobrar fundos para investir. Depois que vc está 75% ou mais para chegar FIRE, ai sim vc pode se preocupar em tirar um pouco o pé e curtir mais.
Abcs
AA40,
Achei interessante você citar o tempo, pois em geral, a dor de pagar é mais percebida em termos financeiros. Até porque o dinheiro é um recurso mais escasso pela maior parte das pessoas, enquanto o tempo é algo que está aí disponível.
Talvez a dor em relação ao tempo seja mais perceptível quando começamos a ter mais passado do que futuro.
Abraços,
https://simplicidadeeharmonia.com/
Bem observado. Meu caso, acho que tenho mais passado que futuro e, tl seja crise da meia idade, mas é quando começamos a perceber que o tempo passa a valer mais do que dinheiro. Afinal, sempre podemos dar um jeito de ganhar mais dinheiro, mas tempo, ah este é finito e cada vez mais escasso a medida que os anos passam.
Aquela frase passa a fazer mais sentido: “Quem mata o tempo não é assassino: é suicida”
Aqui dá pra calcular quanto ainda temos pela frente com certa precisão segundo fatores naturais e hereditários (nao acidentais): https://livingto100.com/calculator
Abcs