FIRE e a síndrome do escravo satisfeito

Não podemos negar que FIRE (Independência financeira e aposentadoria antecipada) tem um significado diferente para cada pessoa . Segundo o The Washington Post, somente 13% da população MUNDIAL gosta do seu trabalho. Se você é parte da imensa minoria que ama o que faz, não siga lendo pois não é para você.

Muitas pessoas quando pensam ou ouvem o termo FIRE ou aposentadoria antecipada torcem o nariz. Elas tem a imagem tradicional dos velhinhos aposentados. Parar de trabalhar, ficar jogado pela casa sem fazer nada o dia todo. Porém isto não é o que a comunidade FIRE tradicional nos diz. O parar de trabalhar é opcional. Mas vamos hoje falar um pouco do por que as pessoas rejeitam o “parar de trabalhar” e que isto está condicionado a sua mente e a sociedade e não ao seu livre arbítrio.

Existem milhares, quiça milhões de milionários no Brasil. Nos EUA, por exemplo, existem mais de 11 milhões de famílias com net worth mais de 1 milhão de dólares. A absoluta maioria destes milionários não parou de trabalhar, continuam trabalhando todos os dias. Isto deixa claro que ter dinheiro não é a única coisa que faz um FIRE e a questão psicológica é a questão central.

A grande maioria das pessoas não se encaixam na mentalidade FIRE pois a grande maioria dos seres humanos precisam de algo para se ocupar, um propósito na vida, e, infelizmente, a maioria das pessoas só encontra este objetivo no trabalho.

Na comunidade FIRE existem também exemplos de pessoas que descobriram que tem este perfil. Que só trabalhando é que se sentem produtivos e úteis. Recentemente temos exemplos como o big ERN e o FS, que retornaram ao mercado de trabalho sem necessariamente precisar.

Vamos deixar claro que voltar ao mercado de trabalho por que o plano FIRE está com problemas e é preciso ter mais renda e acumular mais capital, é totalmente OK. Afinal, sabemos que muitas vezes as coisas, os planos, a vida muda e voltar ao trabalho por motivos financeiros é necessário e não significa fracasso no plano FIRE, apenas ajustes de percurso. Porém muitos esquecem que quando você trabalha está vendendo sua saúde física e mental e estas não tem como reaver depois.

Porém muitos destes estão retornando só para ter uma ocupação. Alguns usam a desculpa de precisar manter a mente ocupada, como se não pudessem fazer isso jogando um videogame, fazendo um esporte, viajando, aprendendo uma língua, programação, aprendendo tocar um instrumento, etc. Estes não conseguiram encontrar algo em que ocupar seu tempo e se sentir útil sem ser trabalhando, mesmo com a ampla gama de possibilidades de uso do tempo livre obtido via FIRE. Isto, na psicologia tem nome:

A síndrome do escravo satisfeito

Na psicologia existe o termo que pode ser aplicado totalmente aos FIREs que retornam ao trabalho sem necessidade. Trata-se da síndrome do escravo satisfeito ou Happy Slave Syndrome.

Todo nós sabemos o que é um escravo: uma pessoa que tem sua liberdade anulada. Da mesma forma que aqueles que sofrem a Síndrome de Estolcomo, na qual a pessoa sequestrada consegue estabelecer um vínculo afetivo com o sequestrador, o escravo pode se encontrar satisfeito e até aprecia esta anulação de sua liberdade.

As pessoas que se acostumam com o abuso chegam a aceitá-lo como algo natural. Vamos deixar claro que não é nada compra os empregadores, pois a sociedade precisa e muito destes. Estamos falando das pessoas que escolhem trabalhar mesmo não precisamos: Quando lhes dada liberdade elas não sabem o que fazer com ela e ficam totalmente perdidas. Não que trabalhar seja um abuso em si, mas do ponto de vista psiquiátrico, estas pessoas se sentem “satisfeitas” com o bem-estar que aparentemente desfrutam, ficando condicionados, consciente ou inconscientemente, por toda a vida.

Estas pessoas aceitam a condições de vida, trabalho, estudos, etc., que basicamente não compartilham, mas os tolera porque, para os outros, “é a coisa certa”. Achamos que estamos fazendo o que queremos, mas a realidade é totalmente diferente. Somos escravos felizes.

Se você é filho de imigrante, pergunte a eles o que acha de parar de trabalhar aos 35 ou 40 anos de idade: Eles vão te chamar de vagabundos ou loucos, pois foram condicionados a vida toda de que o indivíduo só tem valor se trabalhar. Para eles o trabalho é a única coisa que tem valor.

Infelizmente na sociedade de hoje, o trabalho é tratado como mais importante do que nunca. Os governos endividados e a economia global está cada vez mais interconectada e dependente do crescimento e de mais pessoas produzindo mais….as empresas da mesma forma, estão constantemente procurando maneiras de economizar dinheiro e melhorar a eficiência. Isso significa que há mais pressão do que nunca sobre os trabalhadores para serem produtivos e trabalharem longas horas. Como resultado, muitas pessoas estão se sentindo sobrecarregadas e estressadas.

Esse estado de satisfação induzida provoca na mente do escravo mental que ele pare de pensar de maneira crítica; em termos de considerar novas alternativas de vida com um sentido mais crítico e longe da resignação passiva. Essa é a maneira pela qual o escravo satisfeito, por sua falta de confiança em sua própria capacidade de gerar mudanças, se contenta em ser simplesmente um observador automatizado de um sistema de coisas; isso o convenceu de que ele não pode mudar. Este é o padrão.

corrida dos ratos

Não é incomum encontrarmos relatos destes “escravos” em vários fórum e blogs FIRE que dizem que eram muito mais felizes quando estavam trabalhando. Estes, claramente, são os escravos modernos, os ratos que gostam de estar na corrida pois acham que não estão presos mas sim “estão fazendo exercício e mantendo-se em forma”.

Leia também: Por que a liberdade pode ser muito assustadora

E não é fácil quebrar este condicionamento. Tentar ser você mesmo é muito difícil. Parece que todos nós somos rotulados pelo mesmo padrão, e quando você se desvia dele, você parece estranho para as outras pessoas. Frustração, pessimismo e depressão podem tomar conta de você e, como solução, você tentará voltar para a corrida dos ratos pois é a única corrida que você conhece. Antes disso acontecer, profissionais como psicólogos e psiquiatras aconselham a procurar tratamento especializado para tentar separar o que realmente te faz feliz do que a sociedade impõe para você como felicidade.

E você, é daquelas pessoas que se sentem obrigadas a trabalhar por que a sociedade impõe isto ou realmente trabalha por que precisa chegar na meta FIRE e depois de atingida, jamais voltará a trabalhar sem precisar? Responda a enquete e comente abaixo

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Fontes: Pesquisa diversas do AA40; https://exploringyourmind.com

43 thoughts on “FIRE e a síndrome do escravo satisfeito

  1. Tenho notado mesmo que muitos estão voltando a trabalhar. Cada um é cada um mas também não entendo por que alguém prefere deixar o patrão rico se não precisa do dinheiro.

  2. Putz AA40, vc nao entendeu o lance… “só trabalhando para os outros é que se sentem produtivos e úteis”, nada mais longe da verdade. Desconfio que no caso do Big ERN vc tbem nao entendeu, mas posso estar errado, nao sei a cabeça dele, só a minha. Um blogueiro famoso que declarou abertamente ter voltado a trabalhar pra encontrar propósito foi o Financial Samurai. Esse sim vc pode por como exemplo. Enfim, dá uma lida http://querovirarvagabundo.blogspot.com/2021/05/acabou-moleza-porque-estou-voltando-ao.html

    1. OK, tirei a referencia ao seu caso, mas continuo com minha opinião que se você só encontra propósito de vida no trabalho, algo está errado com você. E não é nada pessoal, digo isto para mim também, quando eu atingir FIRE, se eu tiver a vontade de voltar a trabalhar não por dinheiro mas para ter uma ocupação, eu vou consultar um psiquiatra antes. Abcs

  3. Meu sonho é ir morar no sitio e criar galinha caipira! Sei que vou continuar trabalhando pois isso não deixa de ser um trabalho, porém é algo que me da prazer e consequentemente posso tirar uma renda extra (O que não é o foco).
    Acredito que o sentido de ser FIRE é poder fazer o que lhe dá prazer sem ter a preocupação diaria se manter como uma engrenagem do sistema.

    1. Olá anon. Com certeza. Devemos separar o que são tarefas de um emprego tradicional. Trabalhar para enriquecer o dono sem estar precisando é que não faz sentido. Você fazer o que comentou ou mesmo tentar montar alguma coisa para você ou trabalhar em um projeto interessante é bem diferente de trabalhar CLT para se manter ocupado sem precisar necessariamente do dinheiro. É seu tempo de vida e energia sendo desperdiçado sem um propósito maior. Abcs

  4. Gostei do post. Embora não concorde com tudo. Mas acho a reflexão necessária.
    Há casos e casos.
    Eu não tenho patrão formal. Mas gosto do meu trabalho pois trabalho para o povo, quase sempre em bairros humildes. É um trabalho quase todo individual.
    Essa parte é gratificante. Porém, de fato trabalho por dinheiro hehe.
    Eu certamente vou no mínimo diminuir o ritmo ao alcançar FIRE e me dedicar a esportes e alimentação saudável. Mas de fato gosto desse contato com pessoas humildes que precisam.

    1. Seu trabalho parece ser interessante, tem um viés mais do tipo “voluntariado” apesar de não ser. Ai parece mais interessante.
      Eu sabia que este post ia ser polêmico mesmo Filipe. Não espero que muitos concordem pq na real é como estar na Matrix, quase ninguém percebe que está nela e se vai contra nossas convicções a primeira reação é ser contra. Estou lendo muito sobre a psicologia do mercado atualmente e tem coisas que realmente fazem total sentido. Sempre tentei entender o por que muitos CEOs e ricos continuam trabalhando e ralando todo dia, qual a motivação e a conclusão até o momento são duas coisas. Uma é a descrita no post e a outra é simplesmente ego, o querer ter e ser mais do que seus concorrentes e Joneses.
      Abcs

  5. Ótima matéria AA40… e polêmica KKK.
    Concordo em grande parte. É preciso um preparo e uma desconstrução para aproveitar a liberdade integral. Dizer que precisa trabalhar para outros para encontrar um propósito, é “prisão” interna. Existem milhões de opções de “suprir” o propósito, nem preciso citar. Se não preparar , descontruir o que aprendemos como exemplos na sociedade, será difícil ser 100% FIRE. Exemplos como para ser feliz é preciso casar, ter filhos, um cachorro, uma casa blá blá bla… e isso tbm na vida FIRE em atingir a IF e trabalhar para sentir um propósito! Ser FIRE não é para todos…aprendizado constante até o fim da vida.

  6. FIRE virou seita
    se pensar diferente, é menosprezado

    “quando você trabalha está vendendo sua saúde física e mental e estas não tem como reaver depois.” – enquanto vc respira o mesmo acontece, pois a morte é certa para todos

    abs!

  7. Olá, AA40.

    Parabéns pelo o post.
    O meio corporativo é muito chato. As pessoas são treinadas para isso, por exemplo, “vista a camisa”, “dá o sangue”. Claro que quando a gente trabalha temos que justificar o salário, mas agir como um escravo é burrice.
    Muita gente fica presa ao trabalho e esquece de si. No órgão que trabalho tem curso para quem vai se aposentar. Pois muitos não sabem o que fazer com o tempo livre.

    Abraços!

    1. Olá Cowboy. Interessante essa ideia de curso para quem vai aposentar. Acho que é uma ótima oportunidade para psicólogos ai montar um curso ou um intensivão para justamente atacar este problema do condicionamento que é mental; a síndrome citada no post é algo puramente mental que afeta praticamente todo mundo. Alguns levaram como uma crítica mas não é, é uma questão de saúde mesmo que eu francamente acho que vou sofrer também quando parar.
      Poucos conseguem se libertar das correntes da obrigação imposta pela sociedade de ter que trabalhar para ser considerado um membro de valor. Não é incomum ouvirmos frases do tipo “o trabalho enobrece o homem”, “um homem não é nada sem seu trabalho”, mas pense bem quem criou e o que estas frases significam de verdade para você.

  8. Olá AA40,

    E para ficar apenas no tópico trabalho, optam por trabalhar-consumir-descansar-trabalhar. Também concordo com você e não sou contra o trabalho, mas pondero muito sobre o excesso de trabalho e o uso de “algemas de ouro” que impedem a libertação. E acredito que para maioria das pessoas, a liberdade dá mais medo do que a própria escravidão.

    Conforme comentado pelo Cowboy, também trabalhei numa empresa que tinha um curso para os profissionais em fase pré-aposentadoria e que por motivos óbvios não pude fazer. rs

    Abraços,

    1. Legal VAR. Pelo jeito é mais comum do que eu pensava estes cursos preparatórios para aposentadoria. Gostaria de saber se eles tem vaga para FIREs e se ao menos sabem o que é isto. Seria interessante trazer uma entrevista com um psicólogo destes. Abcs

  9. Primeiro, conheço um monte de gente que ganha muito pro que faz. Sinceramente nao sei se quem está sendo explorado é a empresa ou o empregado.

    Acho que existe um lado bom no movimento FIRE: educaçao e liberdade financeira mas também tem o lado deprimente de gente infeliz profissionalmente que só ficar em casa vendo Netflix ou tem objetivos futeis como “viajar o mundo”. Tem gente que chega ao ponto de nao querer ter filhos para não ter deixar herança!

    Investir e poupar, construindo um patrimonio para os filhos ou para apoiar os pais na velhice é um objetivo nobre.

    Como diz o babaca do Bastter, sao pessoas mediocres e nisso eu concordo com ele.

    Sendo assim, FI, com certeza, mas “RE” é outra questao.

    1. Discordo um pouco de você no ponto que viajar o mundo é objetivo fútil. Depende para quem né. Tem muitos que acham que trabalhar a vida inteiro é um objetivo inútil.
      Também quanto ao construir patrimônio para os filhos e os pais seja um objetivo nobre. Depende de cada um. Eu já penso que cada um tem uma vida, apenas uma, para fazer o que bem quiser do jeito que bem quiser. O que vem antes e o que virá depois não vai importar nem um pouco quando estiver a 7 palmos do chão.
      Mas cada um tem uma opinião neste assunto e é bom que tenha uma grande maioria que vá trabalhar até os 65+ pois se não a economia afundaria.
      Abcs

  10. Achei muito ruim a reflexão. Por um momento achei até que tinha entendido errado, mas ao me deparar com a enquete no final vi que entendi certo. Aparentemente pra vc as únicas opções são “eu trabalho pra me aposentar” ou “eu trabalho porque a sociedade me impõe”.
    Nunca te ocorreu que a pessoa pode trabalhar simplemente porque gosta do que faz? Vc afirma categoricamente que “quando você trabalha está vendendo sua saúde física e mental”. Me parece que vc parte da premissa que tudo mundo odeia trabalhar e o único motivador de atingir FIRE é deixar de fazê-lo.
    Obviamente (se não eu não estaria reclamando) eu me encaixo no grupo que vc deixou de fora, o que ama o trabalho – me dou muito bem com meus colegas de empresa, com meus clientes, sou bom e me divirto fazendo o que faço. Mas para evitar ser enviesado pela minha experiência pessoal, tentei pensar em outros conhecidos que certamente não deixariam de trabalhar se tivessem alguns milhões em conta e pude facilmente enumerar vários. Vc não conseguiria? Ou todos seus conhecidos parariam de trabalhar imediatamente ao atingir 7 ou 8 dígitos na conta?
    Eu discordo completamente que a pessoa está “doida” quando se sente feliz no trabalho. Pelo contrário, eu acho muito triste vc ter que fazer algo que odeia por anos ou décadas só pensando em não faze-lo. Claro que nem todos tem a sorte de realmente gostar de sua profissão, mas disso a dizer que quem gosta de trabalhar é “escravo por opção”, discordo completamente.

    Outra frase que me deixou perplexo foi esta: “Vamos deixar claro que voltar ao mercado de trabalho por que o plano FIRE está com problemas e é preciso ter mais renda e acumular mais capital, é totalmente OK” . Eu acho justamente o contrário. Deve ser completamente triste e frustrante ter que voltar a trabalhar somente pra ter que juntar mais dinheiro pra poder não trabalhar. O Srif365 por exemplo sempre comenta que sería um pesadelo ter que voltar a trabalhar se fosse necessário e eu o entendo perfeitamente. Mas de acordo com o seu artigo, errado tá quem volta a trabalhar por que gosta…

    Sinceramente, não entendi a motivação do seu post. Claro que existem pessoas que se encaixam na sua descrição de”escravos da sociedade”, mas a generalização e o aparente ressentimento por pessoas que gostam do próprio trabalho me fez ler o artigo todo com a testa franzinda.

    1. Como falei, post é polêmico. E como alertado no primeiro parágrafo, “Se você é parte da minoria que ama o que faz, não siga lendo pois não é para você.”
      Muito do que está escrito não é opinião minha mas sim do psicólogo do site citado, porém concordo com ele 100%.
      Não vou negar que existem pessoas que trabalham no que gostam mas são a minoria. Vou te dizer que eu não odeio o meu trabalho, mas jamais continuaria fazendo se atingisse FIRE e meu plano não tivesse problemas, porém não teria problema nenhum em fazer outra coisa por dinheiro, o que para vc seria um pesadelo.
      A enquete não foi para estas como alertado. Abcs

    2. Dmf, a maioria das pessoas bem sucedidas em alcançarem uma aposentadoria antecipada sao pessoas frustadas com trabalho e por isso pensam assim.

      Todas as pessoas tem sucessos e fracassos. Motivos de orgulho ou frustação. O FIREe tem orgulho de ter juntado muita grana mas isso nao esconde o sofrimento e frustacao que foi o caminho até lá, fora a obscessao doentia de muitos por acumular sem aproveitar a grana que tem. Eles nao se acham escravos da sociedade, mas todos somos a nao ser vc vá morar isolado da sociedade.

      Muito cedo eu aprendi com um colega: “ganhe mais do que vc precisa e menos do que vc merece”. Se vc vive assim, o dinheiro nao lhe faz falta e assim como nao lhe falta emprego.

  11. Concordo com praticamente tudo. Quem critica ou quem acha que faz o que ama ai acima é por que está na roda dos ratos. Se faz o que ama mesmo, então faz de graça, quero ver o amor acabar rapidinho.

  12. Isto fica muito claro quando você chega para uma pessoa e pergunta quem ela é. Ela vai ter responder, sou médico, ou sou Advogado, ou sou empresário. Como se o emprego ou a formação que ela possui definisse o que a pessoa é.
    Não sei se voce conhece AA o teste chamado “enmeshment trap” da psicologia. Basicamente se você começar uma conversa com uma pessoa e ela falar de seu trabalho nos primeiros 3 minutos da conversa é sinal que o trabalho corrompeu totalmente a sua identidade pessoal.
    E para corrigir isso é semelhante a diversificar uma carteira financeira. Você tem que diversificar sua vida, seus interesses e principalmente seus contatos

    1. Alessando, tudo bem? Não conhecia este teste não. Muito bom saber, vou pesquisar mais. Estou cada vez mais interessado na psicologia do mercado e das pessoas.
      Interessante pq tenho amigos que realmente não falam de outra coisa além do trabalho. São pessoas bitoladas que parecem não ter outro interesse na vida. Isto explica bastante. Gostei da comparação com a carteira de investimentos. Diversificar os interesses, MUITO BOM!

  13. gostei muito do texto.

    E como o AA40 falou no inicio do Post. Se vc ama o que faz, não tem pq se preocupar com o texto. Siga fazendo aquilo que te dá prazer!
    Eu admiro muito pessoas que falam que se tivessem hj 30 milhões não parariam de trabalhar, pq amam o que fazem. Nem é trabalho para essas pessoas.

    Eu pararia!!

    1. KSPov. Obrigado pelo comentário.
      Realmente são a minoria absoluta que amam o que fazem. Não sei se admiro ou tenho pena por terem tentas opções e não fazerem nada do que vivemos sonhando em fazer. Enfim, eu também jamais trabalharia por dinheiro com 30 milhões hahaha

      Abcs

  14. Post perfeito e necessário.

    É interessante, e talvez sintomático da nossa sociedade atual, como as pessoas se ofendem com a ideia apresentada.

    Por mais que o sujeito esteja feliz com o trabalho dele, será mesmo que ele continuaria trabalhando na mesma dinâmica atual se fosse emancipado financeiramente? Digo, não alteraria sequer a frequência trabalhada ?

    Tenho alguns conhecidos que gostavam do trabalho que realizavam, mas que, a partir do momento que a carga horária foi aumentada, deixaram de sentir a satisfação que possuíam.

    Há um grande equívoco em tratar emprego como sinônimo de trabalho. O emprego pressupõe um contrato, que na maioria das vezes, ao menos no Brasil, te obriga a vender 40 horas semanais do seu tempo. A pergunta que me parece urgente é; por mais que vc esteja satisfeito com a atividade realizada, não estaria tão, ou mais, satisfeito se pudesse trabalhar menos horas, de modo que pudesse se dedicar igualmente a outras esferas da vida que também te realize?

    Entendo que essa discussão é muito mal feita, e se é que é feita, na sociedade.

  15. Post perfeito e necessário.

    É interessante, e talvez sintomático da nossa sociedade atual, como as pessoas se ofendem com a ideia apresentada.

    Por mais que o sujeito esteja feliz com o trabalho dele, será mesmo que ele continuaria trabalhando na mesma dinâmica atual se fosse emancipado financeiramente? Digo, não alteraria sequer a frequência trabalhada ?

    Tenho alguns conhecidos que gostavam do trabalho que realizavam, mas que, a partir do momento que a carga horária foi aumentada, deixaram de sentir a satisfação que possuíam.

    Há um grande equívoco em tratar emprego como sinônimo de trabalho. O emprego pressupõe um contrato, que na maioria das vezes, ao menos no Brasil, te obriga a vender 40 horas semanais do seu tempo. A pergunta que me parece urgente é; por mais que vc esteja satisfeito com a atividade realizada, não estaria tão, ou mais, satisfeito se pudesse trabalhar menos horas, de modo que pudesse se dedicar igualmente a outras esferas da vida que também te realize?

    Entendo que essa discussão é muito mal feita, e se é que é feita, na sociedade.

  16. Quando perguntamos para alguém “quem é você”, a primeira resposta provavelmente será “Meu nome é Fulano” e a segunda “SOU profissão, sou advogado, sou engenheiro” e não “trabalho com”. É interessante como o trabalho faz parte do indivíduo.

    1. Exatamente Anon. A sociedade tem a “obrigação” te trabalhar impregnada na essência. Isto vem desde a pré-história, mas o trabalho realmente só começou a ser explorado na idade média e no sistema feudal. A partir daí só é usado para perpetuar poder e manter o povo sob controle. Nós FIRE quebramos um pouco este paradigma de ambos os lados, sem ir para o lado comunista da força, que é apenas o outro lado da moeda e faz a mesma coisa que o lado capitalista só que pior ainda, nivelando por baixo.

  17. Muitas pessoas confundem “não trabalhar” com “deixar de ser útil para a sociedade”.

    Eu quero alcançar FIRE para deixar de trabalhar. Se trabalhar fosse bom, todos o fariam de graça.
    Trabalhar é tão ruim que, para me fazer trabalhar, precisam me dar dinheiro. Se não recebermos dinheiro, o patrão vai até preso.

    Serei útil para a sociedade fazendo (i) o que EU entendo ser importante (ii) do meu jeito e no meu tempo (iii) para fazer a diferença, sem me preocupar com dinheiro.
    Adoraria ajudar orfanatos. Visitar hospitais e ser útil. Passar mais tempo com minha família. Reforçar laços de amizade. Ajudar pessoas de rua. Me dedicar a uma causa. Etc etc etc.

    1. Se trabalhar fosse bom, todos o fariam de graça.Trabalhar é tão ruim que, para me fazer trabalhar, precisam me dar dinheiro
      – Resumiu muito bem ! Existem mil maneiras melhores de contribuir com a sociedade da nossa maneira, do nosso jeito ! Abcs

  18. Eu vejo que as pessoas normalmente vivem em função do trabalho. A vida social da pessoa, inclusive, se baseia basicamente em seu trabalho.
    Então, o seu vínculo depende quase que totalmente do trabalho.
    Quando a pessoa deixa o trabalho, ela fica sem rumo, já que os colegas/amigos do trabalho já não tem mais interesse em manter contato com quem não está mais no trabalho.

    Eu não tenho amigos nem colegas no trabalho. Vou lá apenas para ganhar dinheiro. Deixo isso claro para todos. Eu sequer almoço com o pessoal do serviço. Contato social ZERO.
    Não faço social nenhuma. NUNCA fui em happy hour nem em festa alguma (seja aniversário, casamento, ou mesmo alguma comemoração do trabalho).
    E NÂO, eu não sou mal educado. Trato todo mundo com a maior cortesia possível. Converso com todo mundo que conversa comigo lá no trabalho.
    Mas, minha vida social é totalmente desvinculada do meu trabalho. Meus amigos são de fora. Eu convivo com pessoas que não tem nada a ver com meu trabalho.

    Ou seja, quando eu aposentar, não terei motivo algum para sentir falta do trabalho (não preciso mais do dinheiro). Muito menos das pessoas de lá (não pertencem ao meu mundo).

    Abraço!

    1. Perfeito Gil. Eu faço praticamente o mesmo. Primeiramente pq o pessoal da empresa e eu não temos absolutamente nada em comum. A ambição deles de passar por cima de tudo e todos é algo que jamais vou compartilhar, por isso também procuro não ter nenhuma amizade lá dentro, apenas com pessoas que tenham mais a ver com meu estilo de vida e afinidades. Abcs

  19. Voltei a trabalhar, mas agora trabalhando naquilo que eu realmente gosto, ocupo minha mente e ainda produzo algo útil ao invés de só ficar em casa jogando ou qualquer outra coisa sem muito valor, pois chega uma hora que só viajar e fazer coisas banais traz uma sensação de vazio e retardo.

  20. Legal! Em minha experiência, a melhor alternativa é construir uma carreira e um negócio pro-lazer para a aposentadoria. Por mais que você consiga fazer parte da minoria que realmente gosta de como trabalha, você sempre estará sujeito a eventos fora do seu controle. Criar um negócio na “carreira” que gosta é uma forma de minimizar esse risco.

    1. Interessante esta estratégia André. Ter uma carreira por dinheiro mas também um hobby ou um negócio em paralelo para chamar de seu e que lhe ocupe com algo prazeroso, sem necessariamente ser por dinheiro além de minimizar os riscos da ociosidade e de voltar para a corrida dos ratos, pode lhe render belas surpresas financeiramente. Abcs

  21. Excelente a discussão AA.
    E achei o termo “escravo satisfeito” perfeito. Eu já fiz um post no blog comparando essa dificuldade de parar de trabalhar para os outros com o filme “um sonho de liberdade”. http://www.sempresabado.com/um-sonho-de-liberdade/
    Como uma recém FIRE, eu posso dizer que o excesso de liberdade assusta um pouco. Já percebi que perdi a empatia de algumas pessoas por exemplo porque estou com a vida ganha. E imagino que tem gente que simplesmente não consegue se “descolar” tanto assim do padrão social.
    Mas eu realmente estou amando minha liberdade. Ainda consigo apreciar cada segunda-feira que eu escolho como vou ocupar. Estou estudando coisas que eu nunca tinha tempo de estudar. Visitando lugares que eu não tinha tempo para ir. Criando uma relação mais próxima ao meu marido. E cuidando do meu corpo, coisa que eu não tinha tempo e nem energia para fazer antes. Ainda não senti o peso da liberdade como algo negativo e me pergunto se algum dia vou sentir. Talvez eu tenha um perfil que consegue tolerar viver uma vida diferente dos demais, e acho que isso vai permitir que eu nunca mais trabalhe para alguém.
    Abs!

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